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Um novo estudo global publicado pela revista BioScience confirmou estado de “emergência climática” no planeta. Elaborado por 11 mil cientistas, o documento apresenta dados alarmantes sobre a situação do clima e apresenta 6 passos para desacelerar a crise.

O estudo se iniciou há 40 anos, quando cientistas de 50 nações se reuniram na Primeira Conferência Mundial do Clima, em Genebra, e concordaram que as tendências sobre as mudanças climáticas eram alarmantes e ações para reverter o problema eram necessárias.

A pesquisa se diferencia dos mais recentes levantamentos sobre o assunto por expressar certeza sobre o caráter emergencial do assunto e recomendar políticas. A professora Maria Abate, da Sommons College, assina o estudo e declarou ao Washington Post que o organismo humano não está preparado para reconhecer ameaças muito amplas e que vão além do espaço imediato ao nosso redor. “Os sinais vitais reportados sobre nossa atividade mundial e a resposta climática nos oferecem um relatório tangível, baseado em provas, que espero ajude nossa cultura a se conscientizar de maneira mais ampla e mais rápida sobre a necessidade de desacelerar a crise do clima”, disse.

À BBC News, o pesquisador Thomas Newsome, da Universidade de Sydney, um dos principais autores, afirmou que as atitudes tomadas nos últimos anos não são suficientes para a contenção do problema: “Temos altas emissões, temperaturas crescentes, sabemos disso há 40 anos e não agimos — não é necessário ser um gênio para saber que temos um problema”.

Os seis passos indicados são divididos por áreas de atuação:

  • Comida
    O estudo afirma que é necessário reduzir o consumo de proteína animal e investir em dietas mais baseadas em vegetais, grãos e oleaginosas. O ponto crítico é a criação de gado, especialmente de animais ruminantes. Essa prática pode contribuir para a desaceleração do aquecimento global e para a melhoria da saúde humana em geral. Também é preciso investir em práticas mais eficientes de plantio e na diminuição do desperdício de comida
  • Energia
    A proposta é que os governos imponham impostos altos sobre a emissão de carbono e retirem subsídios existentes para a utilização de combustíveis fósseis. Essas medidas estimulariam a diminuição do consumo desses combustíveis, que, para os cientistas, devem ser deixados nas reservas naturais e ser substituídos por energias renováveis.
  • Poluentes de curta duração
    Esse grupo trata de gases como metano e hidrofluorcarbonetos. Segundo os pesquisadores, limitar a emissão desse tipo de gás pode reduzir a tendência atual de aquecimento em até 50%. Além disso, salvaria vidas e melhoraria as colheitas, diante da diminuição da poluição do ar.
  • Natureza
    Os cientistas pedem maiores esforços na preservação de ecossistemas naturais e da sua biodiversidade, que tem um papel importante na redução dos níveis de gás carbônico no ambiente. É preciso manter as vegetações originais e agir em direção ao aumento de áreas de reflorestamento, o que, segundo o estudo, pode ajudar a cumprir um terço das metas do Acordo de Paris até 2030.
  • Economia
    É preciso conter a exploração descontrolada de matéria-prima que implica na destruição de ecossistemas. Para os pesquisadores, não se pode pensar em crescimento do PIB, mas sim na construção de uma economia sustentável a longo prazo.
  • População
    O estudo afirma que o crescimento rápido da população no planeta também é um problema. Segundo os cientistas, a redução dos índices de natalidade não é mais tão acelerada e o crescimento da população precisa ser estabilizado em prol da manutenção da integridade social. Para isso, é necessário agir com políticas que tornem o planejamento familiar disponível para toda a população.