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Diagnosticada com Síndrome de Asperger, uma forma branda de autismo, a norte-americana Dawn Prince-Hughes diz que a observação de gorilas foi o que lhe ajudou a interagir melhor com outros seres humanos. Depois de deixar a escola por bullying, Prince-Hughes conta que sua vida mudou após uma visita ao zoológico.

“Imediatamente percebi que eram seres que me entenderiam, e que eu os entenderia. Ali, perto deles, com todas as informações sensoriais chegando, o som que era muito alto, a luz demasiado brilhante – tudo apaziguou. E eu descansei pela primeira vez na minha vida”, relata, em entrevista à BBC, sobre a primeira vez que avistou um gorila no zoológico.

“Eles são muito lentos. Fazem tudo de forma deliberada. A comunicação humana acontece rápido demais, e não há nada de frenético em relação aos gorilas”, explica.

Pouco tempo depois dessa primeira experiência, Prince-Hughes começou a trabalhar como voluntária no zoológico. “Eu senti, observando os gorilas, que a interação social podia ser muito significativa. Tive essa sensação de repente de querer compartilhar mais com outras pessoas. E copiei o que os gorilas faziam”, afirma.

“Por exemplo, quando vi que um gorila estava triste, e outro gorila veio e deu um tapinha nas costas dele. Só isso bastou, e ele foi embora. Eu copiei esse comportamento e usei em uma situação na minha vida, funcionou muito bem. Foi a primeira vez que me senti realmente confortável estendendo a mão e tentando confortar alguém, fazendo esse tipo de contato”, completa.

O diretor de pesquisa do zoológico então passou a incentivá-la a voltar para os estudos. De acordo com Prince-Hughes, foi com a ajuda dele que ela chegou à faculdade. Hoje, ela é doutora em Antropologia, especializada em etologia e primatologia.

Jornalista e estudante de Ciências Sociais na FFLCH-USP. Vegetariana desde os 16 anos. Acredita que a vida sem crueldade animal é muito mais ética, sustentável e saudável. É subeditora do Portal Veg.