Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura do Chile

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, declarou nesta quarta-feira (30) que o país não poderá sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019 (COP-25), diante da atual onda de protestos. O cancelamento ocorre a quase um mês do início do evento e preocupa os organizadores.

Há quase duas semanas, protestos intensos tomam as ruas do Chile e desestabilizam o governo, que já chegou a declarar toque de recolher. Piñera enviou um comunicado à imprensa no qual afirmou que as prioridades do governo, no momento, são estabelecer a ordem pública e responder às demandas da população.

A COP estava prevista para acontecer entre os dias 2 e 13 de dezembro e reúne representantes de vários países para discutir as medidas tomadas em relação às ações climáticas. É considerado um dos eventos mais importantes no âmbito do clima. Patricia Espinosa, secretária executiva de Mudanças Climáticas da ONU, emitiu um comunicado afirmando que está “explorando opções de sedes alternativas”.

A maior probabilidade agora é que o evento seja adiado. “É muito difícil realizar a conferência em outro lugar com um mês de antecedência. Você leva pelo menos um ano de preparação. E não é apenas logística, tem também preparação de agenda, do papel do país na condução do processo”, afirmou o secretário executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, ao O Eco. Ele acredita que será muito difícil encontrar um novo país sede em tão pouco tempo, e a conferência deve ser adiada para o primeiro semestre de 2020. Entretanto, esse contratempo não deve justificar atrasos nas ações para a preservação climática.

O diretor do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) Athayde Motta afirmou que a situação é problemática e gera frustração por parte das instituições comprometidas em participar. “Esse cancelamento é algo inédito. Antes, a COP 25 estava prevista para acontecer no Brasil, mas houve a desistência por parte do governo federal. Agora, o governo chileno alega que não tem condições de sediar o evento”, declarou. “Sabemos que existem experiências que estão dando certo e estamos num esforço para dar visibilidade a seus resultados. A COP 25, por ser na América Latina, seria uma ótima oportunidade para as ONGs brasileiras e de toda a região. Agora, nos resta aguardar e ver de que forma poderemos agir.”

O Ibase estava até esta quarta participando da XXII reunião da Rede Latino-americana sobre as Indústrias Extrativas (Rlie), que promove discussões sobre propostas de desenvolvimento alternativo entre organizações dos países envolvidos. O principal tema do encontro, em Bogotá, na Colômbia, foi sobre as diretrizes das ações da rede no COP-25.