A pesquisadora neozelandesa Annie Potts desenvolveu um conceito de uma nova orientação sexual para pessoas veganas que não querem se relacionar com parceiros que consumam alimentos ou qualquer outro produto de origem animal. Potts começou a pensar sobre isso em 2006, após uma pesquisa sobre “consumo ético” feita pelo Centro de Estudos Humanos e Animais da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia. O levantamento mostrava que pessoas veganas e vegetarianas queriam se relacionar com quem tivesse os mesmos ideais.

De 2006 pra cá, o veganismo cresceu no mundo, foi até a palavra do ano escolhida pela The Economist, empresas de foodtechs lançam produtos veganos com uma velocidade incrível e tem até aplicativos que ajudam os veganos se encontrarem, como o Veggly. Mas nem sempre foi assim.

“A atenção midiática foi predominantemente negativa e depreciativa em relação às pessoas veganas e vegetarianas”, escreveu Annie Potts em um artigo no Sage Journals, sobre como as pessoas viam a sexualidade de quem não consome animais, em geral, reforçando estereótipos de falta de masculinidade, como aborda Carol Adams em A política sexual da carne, ou frigidez.

“Nesse momento, sugeria-se a existência de uma relação entre o consumo livre de crueldade e as relações sexuais: em um extremo desse espectro, uma forma de preferência sexual influenciada pelo veganismo implicava uma probabilidade maior de atração sexual por aqueles que compartilhavam crenças semelhantes a respeito da exploração de animais não humanos; no outro extremo do espectro, essa propensão pode se manifestar como uma forte aversão sexual aos corpos daqueles que consomem carne e outros produtos de origem animal”, disse Potts.

Para a psicóloga portuguesa Patrícia Pascoal, professora universitária e presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, dar um nome a esta preferência “ajuda a perceber a extensão que um compromisso ideológico de vida tem, ou pode ter, na esfera da sexualidade”. Em entrevista ao site Público, ela explicou: “A sexualidade humana e a sua expressão são definidas pela forma como vai sendo construída e vivida e, neste sentido, o veganismo sexual é uma expressão social e interpessoal possível da sexualidade. Sem ideologia poderemos falar de sexualidade?”

E para você o que é mais importante para “dar match”? O fundamental sempre é que seus valores e crenças sejam respeitados em qualquer relacionamento, e se compartilhar feliz um jantar romântico vegetariano melhor ainda.

Jornalista, vegetariana desde criança quando descobriu que carnes, na verdade, eram animais mortos. Cresceu ouvindo as perguntas "mas o que você come" e "como você substitui". Hoje fica muito feliz com o crescimento do veganismo. É editora do Portal Veg.