Foto: Instagram/ @sociedadevegetariana

A Veja publicou nesta segunda-feira (4) uma matéria afirmando que veganos e vegetarianos têm maior risco de desenvolver demência devido à sua alimentação. A Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) respondeu no Instagram com dados explicando que tal afirmação é imprecisa. “O risco de demência está associado à deficiência de vitaminas, não ao vegetarianismo. A recente matéria publicada pela Veja chama atenção pelo sensacionalismo e falta de fundamentação científica.”

De acordo com a reportagem da Veja, pessoas que não consomem carne, leite, ovos e peixes estariam mais propensas a desenvolver demência, além de outras doenças como ansiedade e depressão. Isso aconteceria devido à deficiência de nutrientes que se relacionam com o funcionamento do sistema nervoso e a proteção do organismo.

“O posicionamento da Academia de Nutrição e Dietética Americana, é enfático: as dietas vegetarianas e veganas adequadamente planejadas, como todas devem ser, são saudáveis, nutricionalmente adequadas e podem fornecer benefícios à saúde na prevenção e tratamento de certas doenças”, explica a nutricionista Maria Julia Rosa. “A falta das vitaminas apontada na matéria realmente pode estar associada a problemas neurodegenerativos, como a demência, porém a alimentação vegetariana, estrita ou não, é capaz de provê-los”, afirma.

Segundo ela, apesar de a falta de vitaminas apontada no texto da Veja estar relacionada a essas doenças, não é a alimentação vegetariana em si que ocasiona tal deficiência. “Há uma grande quantidade de ômega-3 em sementes de chia e linhaça, e uma alimentação mais natural e integral, como a vegetariana, possibilita a melhor conversão desse ácido graxo no organismo.”

Já sobre a colina, vitamina do complexo B presente nos ovos e citada pela Veja, a SBV afirma que está presente em diversos alimentos vegetais, como aveia, brócolis, quinoa e soja. “O excesso de colina está relacionado com o aumento de oxidação no organismo, através do TMAO, que pode levar a doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, e ao envelhecimento precoce”, explica a nutricionista.

Além disso, a SBV também aponta que o consumo de animais não é necessário para a manutenção de uma boa taxa de vitamina B12, outro nutriente apontado pela Veja como deficiente em veganos e vegetarianos. Ela tem origem bacteriana e animais são capazes de produzi-la a partir das bactérias em seu organismo. “Em humanos a produção não é eficiente, e aproximadamente 40% da população onívora no brasil apresenta deficiência, enquanto 50% dos vegetarianos estão carentes da vitamina. Isso demonstra que, independentemente da dieta, todos devem regularmente checar seus níveis de B12 e, se necessário, suplementar de acordo.”

A SBV também salienta que outros estudos, com maior evidência científica, garantem que a alimentação vegetariana traz mais benefícios do que prejuízos à saúde: “Um recente estudo de metanálise (com maior força de evidência científica), declara que a alimentação vegetariana natural e integral é capaz de prevenir diversas doenças, e que não há qualquer evidência de relação entre dieta vegetariana com o aparecimento de doenças neurodegenerativas, como a demência”.